sábado, 28 de fevereiro de 2015

Fazenda do Capão: uma joia rara da Estrada Real





 Texto e Fotos: Walter Rinaldi - 2013

Mais que uma joia incrustada no interior de Minas Gerais, a Fazenda do Capão Seco é um ponto de referência histórica, econômica, política e social da região do município de Lagoa Dourada. A sua história e as lendas se cruzam  ao longo dos séculos com o próprio cotidiano daquela comunidade. Foi formada em fins do século 17 por desbravadores e tropeiros. Nos anos 20, foi comprada pelos antepassados do saudoso e respeitado fazendeiro Antonio Sebastião de Oliveira. Foi mantida ali uma tradição estritamente mineira e quase nada  foi alterado. Hoje, com a morte do sr. Antonio, a fazenda é administrada por sua viúva, dona Mercês e filhos. Desde o seu início, tornou-se conhecida no interior mineiro pela criação de gado leiteiro. Ganhou muitos prêmios de campeã do leite, tanto em quantidade como na qualidade. 




Trata-se de uma arquitetura rústica que forma um conjunto harmonioso. Conta, de forma real, como se vivia e vive numa propriedade rural que não apenas empregava e emprega, como também colabora até hoje com os eventos sociais da pequena mas tradicional Lagoa Dourada. Sua sede foi palco de importantes reuniões políticas. Até hoje recebe visitas de líderes políticos das Gerais, que vão ali para um bate papo gostoso na grande sala ou à beira do fogão a lenha. Ao mesmo tempo, aproveitam para relembrar os encontros em que ali participaram um dia os seus pais e avós, que também foram políticos e amigos da família Oliveira.






A bela fazenda localiza-se no raio de influência da lendária Estrada Real, que foi utilizada pelos exploradores do ouro das Gerais. O forro mantém o mesmo material utilizado desde o início da construção. É do tipo entrelaçado, feito de bambu e barro batido misturado ao esterco de vaca. Uma fórmula que  mistura ainda a urina do gado para evitar o ataque de cupins e outras pragas. Depois o forro é selado com diversas mãos de cal virgem.

  






Esta é a Rosa, que pilota o fogão como ninguém. Ela mantém inalteradas as receitas tradicionais mineiras, incluindo diariamente o saboroso angu, que pode ser servido com as mais variadas comidas, especialmente o frango com ora-pro-nobis.   






As irmãs Rosa e Cecília. Ambas nasceram e foram criadas no Capão e, assim como seus antepassados,  passaram a integrar a família Oliveira.





O velho e bom fogão a lenha. Nota-se ao lado esquerdo, o antigo banco especial para as conversas divertidas na cozinha, regadas sempre pela dupla de cafezinho adocicado e biscoitos crocantes. 





Dona Mercês (ao centro) sempre rodeada por amigas e familiares. É desse jeito mesmo na Fazenda do Capão Seco. A sua anfitriã principal costuma receber os amigos na imensa sala de entrada e depois passeia com eles, de braços dados, pelos cômodos do casarão. Afinal, são 22 cômodos, incluindo uma capela interna, cuja santa padroeira é Nossa Senhora do Carmo. 






A porta de entrada do cômodo onde são preparadas as carnes ali consumidas.






Os muros da fazenda são todos assim, de pedras brutas. Os pisos externos também.





Detalhes...












A fachada do casarão é conservada pela família. Um cartão postal que retrata a história da região de Lagoa Dourada e do próprio interior mineiro, desde o começo do seu desbravamento pelos primeiros colonizadores e exploradores.






O armazém onde se guardam os arreios e demais apetrechos de montaria.






Da janela se vê  o pôr-do-sol atrás do morro, caindo devagarinho.






Um dos muitos detalhes interessantes da fazenda é esta enorme pedra que é utilizada há séculos para ajudar as mulheres a montarem no cavalo. 









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